Porque o futebol devia ser assim

Porque o futebol devia ser assim

sábado, 30 de janeiro de 2010

O risco da troca: Kléber/Farías

Devo admitir que estranho a mais do que provável troca entre FC Porto e Cruzeiro de Farías por Kléber.
Sei que os dragões não estão a fazer a época que sonhavam e compreendo que aquisições nesta altura da época podem dar aos adeptos alguma ilusão, todavia, não entendo a troca de um jogador adaptado ao futebol português e mais 5,5 milhões de euros por uma incógnita.
Ernesto Farías raramente foi titular no FC Porto, mas sempre que saltava do banco costumava corresponder com golos. Perdi a conta dos pontos que o "Tecla" deu aos azuis e brancos e tenho a certeza que será dos melhor jogadores de sempre no rácio: Minutos/Golos.
Kléber, por sua vez, é um excelente jogador e isso está acima de qualquer suspeita, todavia, sendo ele um avançado centro, não estou a vê-lo tirar o lugar a Falcao e mesmo que o coloquem numa ala, não sei se o rendimento dele irá justificar a saída de Rodriguez ou Varela.
Além disso, e apesar do "Gladiador" ter jogado uns bons anos no Dinamo Kiev, a sua adaptação ao futebol português será sempre uma incógnita e isso é um risco muito grande que o FC Porto está a correr.
Assim sendo, pode ser que eu me engane e Kléber até se torne um jogador barato para os portistas, todavia, temo que mais facilmente se torne num novo Bolatti que num novo Lisandro.

Se depender dos leitores do "Outra Visão" o Sporting já ganhou a Taça de Portugal

Apesar de estar apenas em quarto lugar na Liga Sagres e a fazer uma época bastante abaixo das expectativas, o Sporting é a equipa favorita dos leitores do "Outra Visão" para vencer a Taça de Portugal.
Estes resultados não deixam de ser surpreendentes, até porque já nos quartos de final, o Sporting terá de ultrapassar o FC Porto em pleno Estádio do Dragão.
Ainda nesta sondagem, o Sporting de Braga ficou em segundo lugar e o FC Porto no terceiro posto.

Resultados finais:
  1. Sporting 48%
  2. Sp. Braga 24%
  3. FC Porto 18%

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Explorando clubes (quase) desconhecidos - Carl Zeiss Jena (ALE)

Perdido na obscuridade da terceira liga alemã está um dos maiores clubes da antiga Alemanha de Leste: Carl Zeiss Jena.
Fundado em 1903 por funcionários da empresa de óptica, Carl Zeiss, o clube de Jena teve o primeiro grande momento da sua história em 1931, quando entrou na Gauliga Mitte (campeonato regional que compreendia as regiões alemãs da Saxónia, Turingia e Anhalt), competição que venceu em 1935, 36, 40 e 41. Essas vitórias permitiram ao 1. SV Jena (como era conhecido na altura) participar no campeonato alemão, contudo, o Jena nunca fez boa figura e jamais passou da fase preliminar.
Após a 2ª Guerra Mundial, a cidade de Jena ficou na parte oriental da Alemanha e, como tal, o actual Carl Zeiss Jena teve de participar na Liga de Futebol da RDA.
Membro fundador da 2ª divisão em 1950, o Jena não teve momentos muito gloriosos na década de 50, contudo, rebaptizado de Motor Jena em 1954, o clube iria vencer a Taça da RDA (1960) e o campeonato da RDA (1963). Foi o primeiro grande passo na sua afirmação como um grande da Alemanha Oriental.
Depois, já novamente como Carl Zeiss Jena, o clube iria, entre 1966 e 1975, viver a fase mais gloriosa da sua história, conquistando mais dois campeonatos (68 e 70) e duas taças (72 e 74). Nessa fase, a equipa também conquistaria meia dúzia de segundos lugares.
No entanto, a partir de 1975, a equipa viveu um ligeiro declínio, apenas interrompido pela conquista da Taça da RDA (1980) e pela final da Taça das Taças (1981) perdida diante do Dinamo Tiblissi (1-2).
A reunificação alemã, ocorrida em 1990, apenas contribuiu para agravar esse declínio e o Carl Zeiss tem andado entre a segunda, terceira e, até, quarta divisão, restando apenas as memórias de épocas gloriosas.

Olho Clínico - Víctor Cáceres (PAR)

Está escondido no Libertad, um dos mais fascinantes médios defensivos do futebol sul-americano: Vítor Cáceres.
Muito alto (1,86 metros) e forte fisicamente, o paraguaio não é um portento de técnica, todavia, compensa esse factor com uma enorme entrega ao jogo e com uma capacidade notável de recuperação de bolas e ocupação de espaços.
Cáceres teve ainda a capacidade de subir a pulso no Libertad (estreou-se em 2006 e tornou-se titular indiscutível em 2007) e na selecção paraguaia (estreou-se em 2007 e tornou-se fundamental na qualificação para o Mundial 2010), mostrando sempre um enorme querer e raça, que todos os técnicos apreciam.
Actuando no Libertad há quatro anos e já tendo ganho diversos títulos com o clube paraguaio, Víctor Cáceres está, aos 24 anos, na altura de dar o salto. Fala-se do interesse do Boca Juniors, todavia, entendo que o sul-americano tem futebol para jogar na Europa.
Procurem-no num jogo do Paraguai e confirmem a minha tese.

Os desafios do Sporting de Braga

Poderão dizer que o Braga já fez a sua parte e que tudo o que possa vir a conquistar será sempre uma superação, todavia, não penso assim.
Os bracarenses, ao chegarem a Fevereiro como líderes da Liga Sagres e, ainda, apurados para os quartos de final da Taça de Portugal têm, forçosamente, de pelo menos conquistarem o acesso à Liga dos Campeões.
Já passou a fase da equipa sensação e, neste momento, seria uma grande desilusão para os adeptos arsenalistas, que o Braga não conseguisse um dos títulos que ainda disputa ou, pelo menos, esse apuramento para a "Champions". Talvez seja uma herança pesada e que acaba por surgir de uma primeira volta de sucesso, todavia, é um desafio que pode lançar o Sporting de Braga na imortalidade.
Lembrem-se que o seu arqui-rival, o V. Guimarães, nunca venceu o campeonato ou, até, a Taça de Portugal e, assim, uma vitória no campeonato ou a conquista de uma segunda Taça de Portugal por parte dos arsenalistas seria uma espinha bem profunda no ego vimarenense.
Assim sendo, está na hora dos bracarenses arregaçarem as mangas, perseguirem o sucesso e darem um novo passo na afirmação como quarto grande. Sábado, diante do Sporting, os guerreiros do Minho jogam o primeiro round...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Rúben Micael e a adaptação ao FC Porto

Se pensavam que iria me referir às enormes qualidades futebolísticas do Rúben ou se pensavam que iria teorizar que o ex-jogador do Nacional é o ideal para fazer esquecer o argentino Lucho González, enganaram-se.
Não é que eu não pense nisso. Penso e até acho que o Rúben Micael é um fora de série e um jogador que vai encaixar no meio campo do FC Porto como nenhum outro do actual plantel, mas o que mais me surpreendeu na adaptação do madeirense foi a adaptação à cartilha de Pinto da Costa.
Ao contrário de clubes como o Sporting, que parecem não ter um poder forte e onde todos dizem o que querem e o que lhes apetece, o FCP funciona de forma bem diferente.
No clube do dragão, existe uma lei bem definida e essa lei é a de Pinto da Costa. Ele é o Big Brother do livro de George Orwell (1984), que todos os portistas devem adorar, obedecer e seguir e o ex-jogador do Nacional provou que aprendeu rapidamente a lição.
Mal chegou ao FC Porto e já desenterrou uma situação ocorrida quando estava no Nacional e que, na altura, desvalorizou. Agora, no túnel da Luz, e segundo Rúben, Jorge Jesus colocou-lhe dois dedos na cara.
É curioso como no futebol português há coisas que nunca mudam...

Análise ao sorteio da Taça da Liga

Curiosamente, o Sporting que, no sorteio da Taça de Portugal, havia apanhado o pior sorteio possível e imaginário (FC Porto fora de casa), voltou a ter um enorme azar e terá de superar o Benfica, em casa, para estar na final da Taça da Liga. Um despique especial depois do que aconteceu na final da época passada e que manchou o prestígio da própria competição.
Ironia das ironias, o FC Porto, que sempre encarou a Taça da Liga com algum desdém e que sempre utilizou uma espécie de equipa B em todos os encontros que realizou, acabou por ser bafejado pela sorte e terá pela frente o "outsider" Académica. Ainda assim, os portistas terão de se aplicar mais do que fizeram na fase de grupos, pois, caso contrário, poderão sofrer um dissabor, pois a Briosa não é uma equipa qualquer e, estando tão perto, dará tudo para disputar a final.


Meias-Finais:


Sporting vs Benfica
FC Porto vs Académica

Olho Clínico - Sotiris Ninis (GRE)

Nasceu na Albânia, mas brilha com a camisola da Grécia e é uma das maiores promessas do futebol europeu: Sotiris Ninis.
Apesar de só ter 19 anos de idade, Ninis já actua no seu actual clube (Panathinaikos) há três anos e tem deslumbrado todos os que têm o prazer de o ver jogar. Conhecido como o Kaká helénico devido às parecenças na forma de jogar e na capacidade de construção de jogo e finta, o fantasista grego já foi considerado pelo "Don Balon" como uma das melhores dez promessas do futebol mundial.
Podendo jogar tanto a nº10 como a ala direito, Sotiris Ninis é um daqueles jogadores desequilibradores por natureza, que gosta de partir para cima dos defesas e aprecia fazes passes de ruptura. Com apenas 173cm, beneficia da estatura baixa, para rápidas mudanças de velocidade e posição que colocam os seus oponentes em constantes dificuldades.
Apenas uma época repleta de lesões (2007/08) evitaram uma ascensão mais rápida no futebol mundial, contudo, em Outubro de 2009, já se falou do interesse de clubes como o Milão e o M. United na sua contratação.
Ainda assim, é no Panathinaikos que este prodígio continua a brilhar. Procurem-no num jogo dos atenienses na Liga Europa ou num encontro da selecção grega e deliciem-se com o seu talento.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Emigrantes - Afinal o Special ainda é Special

Devo admitir que sentia que Mourinho estava a perder a sua aura. As campanhas europeias após a Liga dos Campeões e Taça UEFA conquistadas no FC Porto não atingiram o mesmo esplendor no Chelsea e, no Inter, roçaram mesmo a banalidade.
Vão, contudo, dizer-me que José Mourinho continuou a ser campeão no Inter, mas, sinceramente, entendo que isso não seria dificil. A Juventus, após a descida à Serie B, nunca mais voltou a ser a mesma. Continua uma equipa forte, é certo, mas não me parece capaz de ombrear com o Internazionale. Por outro lado, o AC Milan, sem ter passado pelas dificuldades da equipa de Turim, é, neste momento, uma equipa envelhecida e, em termos de qualidade, está longe da equipa do treinador português.
Já nem irei falar da AS Roma, Lazio ou Fiorentina, pois essas estão num patamar ainda mais baixo e triste para a competitividade da Liga que chegou a ser a melhor do Mundo em tempos de Maradona, Van Basten, Klinsmann e Rudi Völler.
Ainda assim, a forma como o Inter, ontem, venceu o Milan, a forma como controlou o jogo, actuando mais de uma hora com menos um elemento, a forma como soube se defender, sem nunca abdicar de atacar foi algo de genial.
Não é fácil resistir à expulsão de um jogador logo aos 27 minutos e, ainda para mais, Sneijder, o cérebro do futebol interista. Apesar de tudo, pareceu fácil. O Inter soube defender a vantagem de 1-0 (golo de Milito aos 10') e ainda foi sempre a equipa mais perigosa, acabando por matar o jogo com um fantástico livre de Pandev.
Aqui, tenho de me render às evidências, o Special One está bem vivo e a lição táctica que deu ontem a Leonardo, provou que continua a ser um dos melhores treinadores do Mundo, senão o melhor...

Análise à participação de Angola na CAN


Ficou perto, ainda que muitos possam dizer que ficou longe, mas Angola provou que percorreu um longo caminho desde que Manuel José chegou ao comando da selecção africana.
Sou sincero, acreditei que seria possível ver Angola campeã de África. Foi a primeira vez que vi uma equipa angolana bem distribuida no relvado, solidária e competente, mas sem perder aquela que é a génese do seu futebol, aquela rebeldia e aquele tempero picante que tornam o futebol africano tão especial.
Tirando aqueles 10/15 minutos desastrosos no encontro inaugural com o Mali, Angola empolgou-se e soube refrar os ânimos, desfrutou e sofreu, lutou e descansou. No fundo, fez sempre aquilo que tinha de fazer e, nesse aspecto, o mérito é de Manuel José. Foi pena a falta de sorte no encontro com o Gana, materializada naquele golo de Gyan, pois Angola merecia mais.
Descobrimos, ainda, dois grandes jogadores angolanos e que, por certo, merecem outros palcos: o trinco Chara (pena já ter 28 anos), que apareceu como substituto de André Makanga e, curiosamente, pareceu bem melhor do que o ausente; e Job um avançado jovem, rápido e técnicista, que demonstrou aquela mesma alegria que tinha Mantorras nos seus velhos tempos do Alverca.
Assim sendo, e apesar da eliminação nos quartos de final, os angolanos têm de levantar a cabeça, pois o futuro é risonho.

Olho Clínico - Edgar Manucharyan (ARM)

Quando pensamos na Arménia, dificilmente pensamos em futebol (tirando talvez aquele penalti falhado pelo Oceano e que nos custou a ida ao Mundial 98...) e, ainda menos, pensamos em jogadores de topo.
No entanto, nasceu na Arménia um dos maiores talentos do futebol europeu, que, após uma fase difícil da carreira recheada de lesões, está, aos 23 anos, a renascer no Haarlem da segunda divisão holandesa: Edgar Manucharyan.
Trata-se de um polivalente avançado arménio (joga em todas as posições do ataque) que iniciou a carreira profissional aos...15 anos no FC Pyunik Erevan e, entre 2002 e 2005, marcou 40 golos em 53 jogos, chamando a atenção do Ajax que não perdeu tempo na contratação do jovem prodígio.
Contudo, após um bom início pela equipa de Amesterdão, Manucharyan começou a ter uma série de lesões que o impediram de singrar no Ajax. Na verdade, o arménio dividia o seu tempo entre a enfermaria e o Jong Ajax (equipa de reservas dos holandeses).
Assim sendo, foi sem surpresa que, no início desta época, Manucharyan foi emprestado ao Haarlem, onde tem sido aposta constante e tem se destacado (14 jogos, 6 golos), mostrando as suas qualidades que passam pela técnica apurada, velocidade e frieza na hora de rematar à baliza.
Um jogador para seguirem num qualquer desafio da selecção da Arménia.

Análise ao sorteio da Taça de Portugal

Quando muito boa gente acreditava numa final de Taça entre Sporting e o detentor da prova FC Porto, eis que o sorteio lhes pregou uma partida e colocou, nos quartos de final, dragões e leões a defrontarem-se no Estádio do Dragão. Este será o prato forte da ronda e, para muitos, uma espécie de final antecipada da prova.
Ainda assim, não aceito muito bem essa designação, até porque o líder do campeonato é outro e dá pelo nome de Sporting de Braga. Os arsenalistas, por sua vez, recebem o Rio Ave e são favoritos para chegarem às meias finais da competição.
Já o finalista vencido da época passada, o Paços de Ferreira, irá receber o secundário D. Chaves e, na teoria, é favorito, todavia, os flavienses já provaram que não são uma presa fácil.
Por fim, o jogo aparentemente menos emocionante será o desafio que colocará frente a frente, Pinhalnovense da II divisão e a Naval. Contudo, neste encontro, a emoção passa pelo facto da equipa secundária jogar em casa e, como tal, poder agigantar-se e, quiçá, fazer taça. Os verdadeiros amantes do futebol (menos os navalistas claro) torcem por isso...


Quartos de Final (02/02/2009)


FC Porto vs Sporting
Sp. Braga vs Rio Ave
P. Ferreira vs Chaves (LH)
Pinhalnovense (II) vs Naval

domingo, 24 de janeiro de 2010

Renascidos da bola - Mario Bolatti (ARG)

Assinou há poucos dias pela Fiorentina, chegou à Selecção da Argentina e, aos 24 anos, Bolatti é visto como uma excelente promessa da equipa das Pampas. Um exemplo de como o futebol é volátil e de que se pode passar rapidamente de besta a bestial.
Recordo-me que o argentino chegou ao FC Porto no verão de 2007, vindo do Belgrano e rotulado de grande promessa do futebol sul-americano. No entanto, sempre que jogava, Bolatti mostrava ser um jogador pesado e totalmente inadaptado ao futebol dos portistas.
Existem casos em que ainda se vislumbra qualidade, apesar da inadaptação do atleta, todavia, este não era o caso e todos se apressaram em constatar que os dragões haviam arranjado mais um barrete como Benítez ou Kralj (o Olympiakos está eternamente grato...).
Ainda assim, e depois de muita dificuldade em colocá-lo em algum lado, o FC Porto conseguiu emprestá-lo em 2009 ao Huracán e, de regresso à Argentina, Bolatti transfigurou-se. Titularíssimo tornou-se num médio-centro de excelência, defendendo bem, atacando com qualidade, marcando golos e conquistando aquilo que se pensava impossível há um/dois anos: Chegar à Selecção (marcou um golo importantíssimo em Montevideu) e ser eleito o melhor jogador do Clausura 2009.
Agora, chegado a Florença, Bolatti tem uma missão complicada: Provar que a passagem pelo FC Porto foi apenas um acidente na sua carreira. Se conseguir, pode ser um trampolim para se tornar um jogador do top, mas, se falhar, poderá ser o adeus ao sonho de uma carreira na Europa e um regresso ao esquecimento que, aí, será sem retorno.

E o melhor futebol da CAN para os leitores do "Outra Visão" é o do...Egipto

O actual bicampeão africano e que venceu todos os jogos da 1ª fase da CAN 2010 foi reconhecido pelos leitores do "Outra Visão" como a equipa que, até ao final da fase de grupos, praticou melhor futebol na CAN.
Uma distinção justíssima para uma equipa que tem dominado o futebol africano e que apenas por manifesta infelicidade não vai estar presente no Mundial 2010.
Nesta sondagem, Angola ficou em segundo lugar e a Costa do Marfim quedou-se pela terceira posição.


Resultados Finais:
  1. Egipto 44%
  2. Angola 38%
  3. Costa do Marfim 18%

sábado, 23 de janeiro de 2010

Rui Patrício - O paradoxo físico

Sempre que olho para o Rui Patrício tenho aquela sensação de estar a olhar para o Damas. Calma, muita calma, não é o que estão a pensar... Refiro-me à fisionomia do jogador, que até parece perfeita para um jogador de topo. Alto, esguio e de braços longos, quem o vê pela primeira vez pensa que se trata de um senhor dos ares, alguém que, a cada cruzamento, recolhe facilmente a bola no ar e a guarda nas mãos como se de um tesouro se tratasse. Uma fronteira quase inexpugnável entre os intentos do adversário e a linha de baliza.
No entanto, jogo após jogo, vemos que não é assim. Cada cruzamento é um pesadelo que faz muito bom adepto leonino voltar a acreditar em Deus. Um momento em que o sportinguista sustêm a respiração e reza para que, ao menos daquela vez, o Rui Patrício agarre a bola com segurança. Algo que parece tão fácil, mas que, para o "keeper", nem tanto.
Curiosamente, o ponto forte do jogador do Sporting é algo que, pela fisionomia do mesmo, até se aceitava que fosse o mais complicado. Ele normalmente defende bem as bolas junto à relva, sai-se de forma rápida e efectiva ao adversário e, nesse campo, transmite muita segurança à equipa e aos adeptos.
Assim, parece-me a mim que estamos perante um problema muito mais fácil de resolver do que se esperava. O Rui já é bom naquilo que lhe seria mais difícil dominar e, assim, só tem de aprender a fazer aquilo que, na realidade, devia saber desde o berço. Uma questão que cabe aos treinadores do SCP ajudarem, da melhor maneira possível o "keeper" leonino a superar e, assim, a torná-lo num dos melhores guarda-redes da Europa.

PS: Não se esqueçam, também, de o ajudarem a melhorar o jogo com os pés. O Sá Pinto já lá não está, mas nunca fiando

Olho Clínico - Eden Hazard (BEL)

Longe dos tempos de Enzo Scifo ou Michel Preud'Homme, a Bélgica encontra-se numa fase muito negra da sua história futebolística. Os belgas não disputam uma fase final de um grande competição desde 2002 e isso faz com que o seu desporto rei acabe um pouco esquecido pelos adeptos de futebol internacional.
Ainda assim, existem pequenos sinais de mudança, pois, na nova geração do futebol belga, já apareceram jogadores muito talentosos que podem voltar a colocar os diabos vermelhos na elite do futebol mundial e um deles é Eden Hazard.
O extremo de 19 anos já foi comparado a Cristiano Ronaldo e é conhecido pela sua elevada capacidade técnica, sendo um desequilibrador nato. Extremamente rápido, o jogador do Lille tem encantado todos os que o têm visto e é, claramente, um jogador para outros palcos.
Apesar de muito jovem, o belga já tem 10 internacionalizações e efectuou 54 jogos na Ligue 1, o que é notável. Criado para destruir autocarros defensivos e para arrancar sorrisos ao adepto mais carrancudo, Hazard já está a ser vigiado pelos grandes clubes europeus e acredita-se que dará o salto o mais rapidamente possível.
Se duvidam do seu enorme talento, vejam o video abaixo e confirmem a minha tese.

http://www.youtube.com/watch?v=VQTyv2oh5AA&feature=fvst

O melhor onze - FC Porto

Apesar de continuar em quatro frentes, o FC Porto não está a fazer uma época muito conseguida em termos exibicionais. A equipa tem perdido pontos em casa (empates com Belenenses e Paços por exemplo), que eram impensáveis em épocas anteriores.
Parece-me, ainda assim, que o FC Porto tem plantel para fazer melhor e é preciso haver coragem para retirar Raul Meireles do onze, pois ele é, na minha opinião, a peça que está a encravar a fluidez do jogo azul e branco.
Assim sendo, irei explanar aquela que seria a minha visão do melhor onze do FC Porto. Uma equipa mais criativa e imprevisível.


Na baliza, jogaria aquele que entendo ser, de longe, o guarda-redes que dá mais garantias aos dragões (Helton). Um guarda-redes seguro e com uma qualidade muito importante no futebol moderno: lança muito bem o ataque.

Em relação ao habitual quarteto defensivo azul e branco, também não modificaria nada. Álvaro Pereira, à esquerda, seria o lateral mais ofensivo e Jorge Fucile, na direita, seria o lateral com mais preocupações defensivas. A centrais, estariam o xerife Bruno Alves e Rolando. Dois jogadores que além de serem seguros a defender, são muito bons em bolas paradas, tanto defensivas como ofensivas. O xerife tem ainda a vantagem de sair muito bem para o ataque e de poder ser um ponto de partida para os ataques portistas.

No miolo, jogaria um trinco que, não tendo muita técnica, é um prodígio na destruição de jogo (Fernando). À frente dele, e ligeiramente descaído para a direita para compensar a menor capacidade ofensiva de Fucile, jogaria Guarín. Este jogador, pelas suas características, seria uma espécie de Box to Box e faria a ligação entre o destruidor Fernando e o criativo Belluschi, que jogaria solto a nº 10, com poucas preocupações defensivas e total liberdade para criar jogo ofensivo para os azuis e brancos.

No ataque, dois alas/extremos rápidos, criativos e com excelente capacidade no um para um (Rodríguez e Varela) e um ponta de lança que é um goleador e, acima de tudo, um rato de área (Falcao).

Utilizando ainda Hulk, na segunda parte, para martirizar as defesas contrárias, esta seria uma equipa do FC Porto, que lutaria, sem problemas, pelo título nacional.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Análise à 1ª fase da CAN


Tratou-se de uma primeira fase que prometeu muitas surpresas, mas que acabou por não proporcionar quase nenhuma, com quase todos os favoritos a passarem com as excepções de Mali e Tunísia, ainda que, no caso dos malianos, nem será assim uma grande surpresa, pois defrontavam Angola (país organizador) e a mundialista Argélia.

No Grupo A, apuraram-se Angola e Argélia e ficaram pelo caminho Mali e Malawi. Todavia, após a primeira jornada, nada levava a crer que assim fosse.
Os palancas negras, que até ganharam o grupo, entraram a desperdiçar uma vantagem de quatro golos para empatarem (4-4) com o Mali, todavia, uma vitória sobre o Malawi (2-0) e um empate com a Argélia bastou para chegarem ao primeiro lugar.
Os norte-africanos ainda conseguiram começar pior, pois foram copiosamente derrotados (0-3) pelo Malawi. Ainda assim, uma vitória por 1-0 diante do Mali e o referido empate com os angolanos acabou por ser suficiente para o apuramento dos argelinos no 2º lugar.
O Mali apesar da vitória no último jogo (3-1) sobre o Malawi acabou por pagar a irregularidade e, acima de tudo, aquele desaire diante da Argélia, acabando, tal como o Malawi (não deu continuidade à vitória diante da Argélia) por ficar precocemente pelo caminho.

No Grupo B, a desistência do Togo, deixava o agrupamento com apenas três equipas. Duas mundialistas (Costa do Marfim e Gana) testavam a capacidade do Burkina Faso de Paulo Duarte.
Curiosamente, o B. Faso até começou muito bem, ao empatar com os marfinenses (0-0). Depois, a equipa de Drogba venceu o Gana por 3-1, deixando o Burkina Faso a precisar apenas de um empate com o Gana para se apurar.
No entanto, um golo de Ayew foi suficiente para o Gana eliminar o Burkina Faso (1-0) e se apurar no segundo lugar. Este resultado permitiu também que a Costa do Marfim vencesse o grupo.

O Grupo C foi claramente o menos emocionante. Duas equipas (Egipto e Nigéria) mostraram ser muito superiores às outras duas (Benim e Moçambique).
O Egipto conseguiu vencer mesmo todos os jogos (Nigéria (3-1); Moçambique (2-0) e Benim (2-0)) acabando por vencer o grupo.
A Nigéria, por seu lado, e à excepção do desaire com os Faraós, também passeou superioridade nos jogos com Benim (1-0) e Moçambique (3-0), acabando por se apurar facilmente no segundo lugar.
O Benim e os Mambas acabaram eliminados sem qualquer surpresa, terminando esta CAN com apenas um ponto, fruto do empate entre ambos (2-2) na primeira jornada.
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Por fim, o grupo D, o mais emocionante da 1ª fase da CAN. À partida para a última jornada, o Gabão tinha uma vitória sobre os Camarões (1-0) e um empate com a Tunísia (0-0) e liderava o agrupamento com quatro pontos. Por outro lado, a Zâmbia tinha um empate com a Tunísia (1-1) e uma derrota com os Camarões (2-3) e estava em último lugar.
Todavia, a Zâmbia venceu o Gabão (2-1) e, com o empate no Camarões-Tunísia (2-2), acabou por vencer o grupo, ficando os camaroneses no segundo lugar e os gaboneses acabaram por descer a um impensável terceiro lugar. Todas estas equipas acabaram com quatro pontos e o desempate acabou por ser os golos marcados nos confrontos directos.
Em último acabou a Tunísia, que se despede da CAN sem ter perdido nenhum jogo (três empates).

Destaques da primeira fase:

Melhor equipa: Egipto
Equipa desilusão: Mali
Melhor jogador de campo: Flávio (Angola)
Melhor marcador: Flávio (Angola) e S. Keita (Mali) 3 golos
Melhor guarda-redes: Ovono (Gabão)

Quartos de Final:
Angola-Gana
Costa do Marfim-Argélia
Egipto-Camarões
Zâmbia-Nigéria



Olho Clínico - Emilio Izaguirre (HON)


Costumamos dizer que existem poucos defesas esquerdos de qualidade em Portugal e, sempre que se tenta contratar um no estrangeiro, raramente se acerta, acabando quase sempre por vir um "barrete".
Ainda assim, penso que é falta de visão dos nossos olheiros, porque existem bons laterais esquerdos por esse mundo fora e, alguns deles, bem pouco onerosos como o titular da selecção das Honduras.
Emilio Izaguirre é, aos 23 anos, já uma certeza do futebol hondurenho. Lateral esquerdo que também pode jogar como médio. Trata-se de um jogador rápido que defende muito bem, mas que ataca ainda melhor, efectuando cruzamentos letais para os avançados. Muito bom técnicamente e excelente nas transições, poderá ser um diamante por lapidar.
Apesar de já ter 36 internacionalizações pelas Honduras (1 golo), ainda está "perdido" no campeonato local, no Motagua. Sendo, claramente, uma excelente aquisição para qualquer clube português de nível médio e médio alto.
Procurem-no num próximo encontro da selecção hondurenha e confirmem a minha tese.

Explorando clubes (quase) desconhecidos - Stade Reims (FRA)

Está perdido na terceira divisão francesa, o National, aquele que chegou a ser o maior clube gaulês de futebol, o Stade Reims. Esta equipa é pouco conhecida nos tempos que correm, mas, na década de 50, foi das poucas a conseguir ombrear com o Real Madrid, atingido duas finais da Taça dos Campeões, ambas perdidas diante dos madrilenos.
Fundado em 1931, foi a seguir à 2ª Guerra Mundial, que, após se profissionalizar, o Reims começou a assumir-se como uma potência do futebol francês. Entre 1949 e 1962, o clube venceu 6 campeonatos de França, 2 Taças de França, 1 Taça Latina e ainda disputou duas finais da Taça dos Campeões. Um período de sonho onde pontificaram nomes como Raymond Kopa ou Just Fontaine.
Todavia, os grandes jogadores começaram a abandonar o Reims e, no final da época 1963/64, o clube acaba por surpreendentemente descer à segunda divisão, apenas regressando ao convívio dos grandes em 1970/71.
Entre 1971 e 1979, o clube disputou a primeira divisão, mas estava longe do grande Reims do passado, não conquistando qualquer título e nunca acabando o campeonato acima da quinta posição. No final da época 1978/79 acabou mesmo por descer novamente à segunda divisão.
A partir daqui, o clube entrou mesmo em declínio profundo. Ainda esteve perto de subir à primeira divisão em meados dos anos 80, mas nunca o conseguiu. Além disso, os problemas financeiros agravaram-se e o Reims entrou numa situação cada vez mais delicada, acabando mesmo por chegar a jogar na quarta divisão de França.
Neste momento, o Stade Reims encontra-se longe dos grandes palcos na National, no entanto, mesmo que nunca volte aos seus tempos de glória, este clube, por tudo o que conquistou, jamais será esquecido.

Dados do Clube:

Nome completo: Stade de Reims
Fundação: 1931
Estádio: Auguste Delaune (21668 lugares)
Equipamento: camisola vermelha com mangas brancas, calção branco, meias vermelhas
Principais Títulos: Campeão de França (49, 53, 55, 58, 60 e 62); Taça de França (50 e 58); Taça Latina (53)
Presidente: Jean-Pierre Caillot
Treinador: Marc Collat

Equipa tipo: Ferrand; Tacalfred, Ielsch, Barbier e Deaux; Guégan, Krychowiak, Tainmont e Gragnic; Fauré e Fortes

As faltas de respeito - Parte II


Ainda a digerir esse fraquinho: Sporting-Mafra, somos confrontados com mais um acontecimento que, provavelmente, entrará no leque dos momentos mais tristes de sempre do futebol português.
O reincidente Sá Pinto, que granjeou muita da sua fama entre os adeptos leoninos por ter andado ao soco com Artur Jorge (e Rui Águas...), terá decidido criticar Liedson, apenas porque o luso-brasileiro estava a defender Rui Patrício dos apupos dos adeptos leoninos.
Talvez desencantado por o avançado do Sporting estar a defender um colega e a mostrar que o balneário dos leões está mais saudável do que nos tempos em que o próprio Sá Pinto lá andava, o director-geral do SCP (sim, ele é (ou era) director-geral de um clube) decidiu partir para o soco com Liedson, perante o ar incrédulo de Carvalhal, que, inerte, fez de José Peseiro em toda esta situação.
Numa altura em que o Sporting está com seis vitórias consecutivas, esta é uma situação que em nada vem ajudar o clube, que terá de saber gerir bem este acontecimento. Despedir Sá Pinto será inevitável. Quanto a Liedson, um severo castigo (financeiro) deverá bastar, pois, segundo os relatos, o levezinho apenas veio em defesa de um colega e tentou zelar pelo bem estar do balneário, aquilo, que, basicamente, deveria fazer um director desportivo.
Mais uma triste história que nunca poderá ter um final feliz.

As faltas de respeito - Parte I

Ainda ontem havia referido e enaltecido a magia da Taça e o gosto que me dava sempre que um pequeno clube batia o pé a um grande. Na verdade, grande parte da essência do futebol passa por aí. Passa pelo pontapé na lógica e pela negação do normal curso dos acontecimentos. Tenho a certeza que, se assim não fosse, o futebol nunca tinha chegado a metade do que representa hoje em todo o mundo.
Ainda assim, essa situação só tem valor quando deriva de duas equipas dignas e em que a teoricamente inferior se supera e consegue o que normalmente lhe seria impossível. Uma espécie de conto de fadas que, em campo, provam ser real.
Ora, o que aconteceu ontem em Alvalade, principalmente após o 4-1, foi algo de inqualificável. Foi ver uma equipa, o Sporting, a demonstrar uma profunda falta de respeito pelo adversário, Mafra. Uma equipa que, apesar de muito superior, se limitava a fazer correr o tempo, como que se o adversário não tivesse honra ou qualquer valor.
Este é um problema que acontece muitas vezes às equipas grandes que não percebem que uma vitória por 6 ou 7 a zero é maior prova de respeito ao adversário do que uma vitória tangencial, que apenas assim foi porque se jogou a 20% das capacidades.
Ontem, por demérito leonino, o Mafra ainda chegou ao 4-3, mas, provavelmente, aqueles jogadores teriam-se sentido bem mais orgulhosos se tivessem perdido por um resultado mais pesado, pois talvez fosse sinal de uma atitude mais digna dos verde e brancos.
Assim sendo, ficou a receita do jogo e quinze de minutos de fama para o avançado Zhang, ou eu não me lembrasse de Ivo Damas...

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Voltou a festa da Taça


Sempre gostei da Taça de Portugal. Sempre gostei de ver aquelas equipas do escalão secundário a ombrearem com os grandes clubes e, por vezes, até a derrubá-los, ganhando um lugar eterno na história do futebol português.
Desde sempre, a prova rainha do futebol nacional foi, também, a mais democrática. Clubes como o V. Setúbal, Braga, Leixões, Académica e Beira-Mar "aproveitaram-na" para escrevem o seu nome no livro de conquistas do futebol português. A Taça teve, na verdade, sempre esse condão. Uma fuga à monotonia das conquistas, um fugaz combate à ditadura que os três grandes sempre assumiram no nosso desporto rei.
Todos lembramos clubes como o Gondomar, o Tirsense ou o Atlético com um enorme sorriso. Todos ansiamos por saber quem poderá ser o novo tomba gigantes, o novo nome que nos garante que o futebol não é, nunca foi, nem nunca será uma ciência exacta e continuará sempre a ter essa magia.
Hoje têm início os oitavos de final e, curiosamente, o Mafra até vai a Alvalade...

Oitavos de Final (Taça de Portugal 2009/10)

Hoje:
Camacha (II) vs Pinhalnovense (II) 15h
Nacional vs Paços de Ferreira 16h
Aliados (II) vs Naval 16h
Rio Ave vs V. Guimarães 19h
Freamunde (LH) vs Sp. Braga 19:30h
Belenenses vs FC Porto 20:45h
Sporting vs Mafra (II) 21h

Domingo:
D. Chaves (LH) vs Beira-Mar (LH)

Olho Clínico - Mexer (MOÇ)

A chegada deste moçambicano ao Sporting surpreendeu muito boa gente em Portugal. Antigo defesa-central do Desp. Maputo, Mexer era um completo desconhecido e acabou por gerar grande desconfiança entre adeptos leoninos, que, ainda hoje, têm dificuldade em assumi-lo como reforço de inverno ao contrário de Pongolle ou João Pereira.
Ainda assim, e após visionar o encontro com o Egipto, posso garantir que, aos 24 anos, Mexer é um excelente central. Um líder natural com velocidade, posicionamento, capacidade de desarme e uma cultura táctica que surpreende vindo de um jogador que apenas conhece o Moçambola...
Assim sendo, convido-os, hoje, a verem o Nigéria-Moçambique e a procurarem por ele no centro da defesa dos moçambicanos. Se forem adeptos do Sporting, pode ser que acabem o desafio surpreendentemente entusiasmados.


segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

A Ressureição do Sporting (Parte II) - O efeito João Pereira

João Pereira apareceu no Benfica na época 2003/04 como extremo direito, mostrando bastantes qualidades e, até, fazendo alguns golos pelos encarnados.
Contudo, a sua irreverência e até algum carácter indomável do actual jogador do Sporting, custava-lhe sempre vários cartões e a irritação dos seus treinadores no Benfica. Assim, acabou por não surpreender que Koeman o acabasse por dispensar e que João Pereira acabasse no Gil Vicente.
Curiosamente, essa ida para o clube de Barcelos acabou por ser o melhor que podia acontecer ao atleta, pois João Pereira foi conseguindo atenuar a sua agressividade e, sem perder a irreverência, tornou-se um jogador muito mais adulto.
Assim sendo, e já totalmente reconvertido em lateral, João Pereira foi, durante duas épocas e meia, o dono do lado direito da defesa dos bracarenses, que o resgataram ao Gil Vicente em 2007/08 e ajudaram a tornar João Pereira no segundo melhor lateral português da actualidade a seguir a Bosingwa.
Neste defeso de Inverno, o Sporting entendeu que estava na altura de apostar num defesa direito mais completo e assegurou João Pereira e o melhor elogio que se pode fazer ao mesmo é que ele foi, provavelmente, o maior catalisador da enorme subida de forma dos leões. O lateral direito tem dado segurança defensiva, tem conseguido dar profundidade ofensiva e até tem ajudado a acabar com um dos maiores problemas do futebol dos leões nos últimos tempos: a previsibilidade do seu jogo.
Assim sendo, e por tudo que tem mostrado, espero ver o nome de João Pereira nos 23 que irão à África do Sul, porque caso contrário será uma enorme injustiça. Infelizmente, estamos habituados a estas no futebol português.

O melhor onze - Marítimo

Curiosamente, é no dia seguinte a uma goleada sofrida pelos insulares (0-5 diante do Benfica), que venho apresentar aquela que, para mim, seria a melhor equipa do Marítimo, todavia, não passa de uma circunstancialidade até porque, para mim, Van der Gaag tem feito um bom trabalho na equipa madeirense.
O Marítimo, tal como o V. Guimarães, é uma equipa que tem um plantel de qualidade muito acima da média. Jogadores como Djalma, Peçanha, Manu ou Alonso são exemplos de atletas muito acima da média e que deveriam, facilmente, catapultar os insulares para uma classificação acima da que têm actualmente (9º lugar).
No entanto, sabemos que, por vezes, não é fácil agarrar num grupo de bons jogadores e fazer uma equipa. A escolha do onze base nem sempre é fácil e, muitas vezes, a escolha de este ou aquele jogador tem de ser feita em função do que ele trás ao colectivo e nem tanto pelo valor individual do mesmo. Assim sendo, este seria o meu onze do Marítimo.

Um guarda-redes seguro e regular (Peçanha) comandaria uma linha defensiva de quatro elementos bastante equilibrada com dois laterais que sabem defender e atacar (Alonso e Paulo Jorge) e dois centrais que, sem serem exuberantes ou fora de série, são relativamente seguros (Fernando e Róbson).
No miolo do terreno, apostaria na dupla: Olberdam e Roberto Sousa. Dois médios centro que garantiriam boa capacidade de recuperação de bolas e, acima de tudo, têm excelente capacidade de transição tanto ao nível defesa-ataque, como ataque-defesa. Estes elementos seriam o ponto fulcral do onze e da boa forma deles dependeria grande parte do sucesso táctico do mesmo.
A nº 10 apostaria claramente em Marcinho. Um desequilibrador nato, mas que é altruísta o suficiente para saber decidir quando deve fazer uma jogada individual ou um passe de morte.
Por fim, e também um dos segredos do onze, passava pela utilização de três avançados em constante movimento: Djalma, Pitbull e Manu. Estes têm características que lhes permitem, facilmente, mudar constantemente de posição e, assim, baralhar as marcações das defensivas contrárias. Além disso, a boa capacidade individual do trio iria forçar os adversários a cometerem muitas faltas e a verem cedo cartões o que os condicionaria rapidamente no desafio.
Utilizando Baba como arma secreta, em situações em que as características do jogo forçassem um futebol mais directo, este seria um onze para o Marítimo lutar pelo quinto/sexto lugar.

Olho Clínico - Emad Moteab (EGI)

Nos tempos que correm não é normal destacarmos um jogador de 26 anos e que ainda joga num campeonato africano como alguém com potencial para jogar no campeonato europeu, porém, e por mais incompreensível que possa parecer, ainda existem casos destes.
O egípcio Emad Moteab, atacante do Al-Ahly, é um desses exemplos. Goleador com provas dadas no campeonato do Egipto (172 jogos, 98 golos) e selecção dos Faraós (55 jogos, 25 golos), foi permanecendo no campeonato norte-africano, com excepção de uma temporada, por empréstimo, no Al-Ittihad da Arábia Saudita onde também brilhou (25 jogos, 13 golos).
Avançado rápido e com boa técnica, Moteab faz do oportunismo o seu principal predicado, parecendo estar sempre no sítio certo para fazer o golo.
Em tempo de CAN e onde Emad até já fez um tento, convido-vos a verem o próximo jogo dos egípcios e a procurarem por este avançado, que, por certo, vai confirmar ser um dos goleadores da actualidade.

Explorando clubes (quase) desconhecidos - Trabzonspor (TUR)

Nas margens do Mar Negro mora um dos grandes clubes turcos, que, pela grandeza dos três grandes de Istambul (Besiktas, Fenerbahçe e Galatasaray), acaba por sofrer de algum esquecimento, o Trabzonspor.
Única equipa fora da antiga Constantinopla a vencer o título turco (6 vezes), o Trabzonspor foi fundado em 1967 por fusão de dois clubes de Trabzon, o Idmangücü e o Idmanogagi. Esta união foi forçada pela Federação turca que, na altura, procurava criar uma Liga de futebol mais competitiva.
A tempestade do Mar Negro (alcunha do clube) permaneceu na segunda divisão até à época 1973/74 quando venceu o campeonato secundário e foi promovido à primeira divisão turca.
A partir desse momento, o Trabzonspor viveu o momento mais alto da sua história, pois entre 1975 e 1984 foi campeão turco por seis vezes e, quando não venceu o campeonato, acabou na segunda posição. Foi uma época gloriosa em que a equipa teve jogadores do calibre de Senal Günes e Turgay Semircioglu e em que também conquistou três Taças da Turquia.
Todavia, desde 1984, o Trabzonspor decaiu de rendimento e nunca mais voltou a ser campeão. Ainda assim, venceu quatro Taças da Turquia e jogou inúmeras vezes nas competições europeias, mantendo-se como um dos quatro gigantes do campeonato turco.
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Dados do Clube:
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Nome completo: Trabzonspor Kulubu
Alcunha: Karadeniz Firtinazi (Tempestade do Mar Negro)
Fundação: 1967
Estádio: Huseyin Avni Aker Stadium (32895 espectadores)
Equipamento: camisola vermelha com mangas azuis, calção e meias vermelhas
Principais Títulos: Liga Turca (76, 77, 79, 80, 81 e 84); Taça da Turquia (77, 78, 84, 92, 95, 03, 04); Supertaça (76, 77, 78, 79, 80, 83 e 95)
Presidente: Sadri Sener
Treinador: Senol Günes
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Equipa tipo: Tony Silva; Cale, Rigobert Song e Egemen Korkmaz; Gabric, Colman, Balci, Alanzinho e Gulselam; Guttierez e Umut Bulut

E o melhor jogador da Liga Sagres para os leitores do "Outra Visão" é... Javier Saviola

O argentino do Benfica, que marca golos à sete jogos consecutivos foi considerado pelos leitores deste blog o melhor jogador do campeonato português.
Esta distinção apenas vem de encontro à grande época de Javier Saviola, que tem sido, provavelmente, o jogador mais influente do Benfica de Jorge Jesus.
Em segundo lugar ficou o sportinguista Liedson e, em terceiro, ficou o também benfiquista Ramires.

Resultados Finais:
  1. Javier Saviola (SL Benfica) 55%
  2. Liedson (Sporting CP) 33%
  3. Ramires (SL Benfica) 12%

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Taça da Liga - O paradoxo

Ontem tivemos mais uma jornada da Taça da Liga. A segunda para os mais distraídos, que, em Portugal penso que são grande parte dos adeptos de futebol.
Lamentou-se muito há uns tempos atrás da falta de jogos no calendário nacional. Situação que surgiu devido à redução da nossa 1ª divisão de 18 para 16 equipas e a solução, na minha opinião bastante apropriada, foi a criação da Taça da Liga.
A competição tem várias inovações, que passam por prémios financeiros bastante apelativos (1 milhão de euros para o vencedor por exemplo), preços de bilhetes reduzidos, maiores fontes de receitas para os clubes e, talvez a principal, a possibilidade de os clubes terem outra competição para ganhar, tornando o futebol mais democrático.
Infelizmente, e apesar de todos os esforços da Liga, a Taça da Liga continua pouco mais que moribunda. Os jogos têm assistências miseráveis, existem clubes que pura e simplesmente usam a competição para rodar o plantel e aparentam não ter o objectivo de ganhar a competição, mas apenas que ela acabe o mais rapidamente possível (olá FC Porto)...etc
Não estou a dizer que a competição é perfeita. Na minha opinião, o modelo podia ser repensado, pois entendo que as 32 equipas deviam entrar na mesma altura na competição (8 grupos de 4 a 1 volta...) e situações como a rábula do Portimonense e Académica não podem voltar a acontecer. Ainda assim, os clubes e adeptos que tanto solicitaram mais competição não podem agora virar as costas ao que lhes foi dado, pois estão a matar aquilo que, na minha opinião, foi das melhores ideias do futebol português nos últimos tempos.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Explorando clubes (quase) desconhecidos - Larissa (GRE)

Na Grécia todos conhecemos os três grandes clubes de Atenas (Olympiakos, Panathinaikos e AEK), mas o futebol helénico não se esgota neles. Apesar de os clubes atenienses terem vencido 67 dos 79 campeonatos gregos, existem outros clubes que merecem a nossa atenção como o Larissa.
O AEL 1964 ou AE Larissa é um clube sediado na cidade de Larissa e é o único clube fora das cidades de Atenas e Salónica a vencer um campeonato grego.
Este clube foi formado em 1964 como AE Larissa, mas teve de mudar a sua designação para AEL 1964 devido a diversos problemas económicos que culminaram na bancarrota. O Larissa, que resultou da fusão de quatro pequenos clubes, teve como ponto alto da sua história a conquista da Liga Grega em 1988.
Todavia, após este triunfo, o clube helénico vendeu grande parte dos seus jogadores chave, entrando num declínio que teve como ponto mais negro a descida à terceira divisão.
Ainda assim, o clube lentamente saiu do poço, festejando, no final de 2004/05, a subida à Alpha Ethniki (1ª Divisão da Grécia). A conquista da Taça em 2006/07 e o 5º lugar no campeonato 2008/09 só provam o renascimento deste clube e a sua colocação como quinta força do futebol grego após Olympiakos, Panathinaikos, AEK e PAOK, provando, assim, que é possível renascer das cinzas.

DADOS DO CLUBE:

Nome completo: PAE Athlitiki Enosi Larissas 1964
Alcunha: Vasilissa tou Kampou (Rainha das Terras Baixas)
Fundação: 1964
Estádio: Alkazar (13108 espectadores)
Equipamento: Camisola, Calção e Meias: Vermelho Tinto
Principais Títulos: Liga Grega (87/88) e Taça da Grécia (84/85 e 06/07)
Presidente: Konstantinos Piladakis
Treinador: Marinos Ouzounidis

Equipa tipo: Viera; Venetidis, Dabizas, Katsiaros e Aarab; Metin, Kyriakidis, Iglesias e Romeu; Ricardo Jesus e Simic

Olho Clínico - Eliran Atar (ISR)


Num pequeno clube de Telavive mora, talvez, o jogador mais promissor do futebol israelita: Eliran Atar.
O avançado do Bnei Yehuda (lembras-te P. Ferreira?) tem espalhado classe nos relvados da ainda misteriosa Ligat Toto, onde se sagrou, a época transacta, o melhor marcador com 14 golos.
Rápido, tecnicista e com uma especial apetência para marcar golos absolutamente fantásticos, Atar é, aos 22 anos, um jogador cheio de potencial para dar o salto para um clube de muito maior expressão.
Vejam o video abaixo e vejam se ele não teria lugar em quase todas as equipas portuguesas...


Análise ao Sorteio do Mundial - Grupo B (Argentina, Nigéria, Coreia do Sul e Grécia)

Curiosamente, penso que este poderá ser um dos grupos mais curiosos do Mundial. Quatro selecções de quatro continentes diferentes e com formas de jogar completamente díspares.
À partida a Argentina será a grande favorita, mas, treinada por um treinador do calibre de Diego Maradona, poderá sempre dar azo a surpresas, pois qualquer uma das outras três selecções, num bom dia e de maneira diferente, poderá dar dissabores à equipa das Pampas.

Ainda assim, ninguém pode negar a superioridade da Argentina. Com jogadores que percorrem os melhores clubes e campeonatos do mundo, os sul-americanos são claramente a equipa com mais soluções neste Mundial. Uma selecção que, em condições normais, é sempre candidata a vencer o certame.
Tevez, Messi e Agüero são apenas três dos nomes que rapidamente colocam qualquer amante de futebol a sonhar e a Argentina tem o prazer de os poder por, aos três, juntos num ataque de sonho.
Infelizmente, é o maior nome de sempre do futebol argentino (Maradona) que se tornou o calcanhar de Aquiles dos sul-americanos, pois, após aquela fase de qualificação tão sofrida, nunca se sabe que Argentina aparecerá em África.

Equipa tipo: Sérgio Romero; Heinze, Demichelis, Coloccini e Zanetti; Cambiasso, Mascherano e Aimar; Messi, Agüero e Tevez

Quem também passou por dificuldades na qualificação para o Mundial 2010 foi a Nigéria, que precisou de uma ajuda de Moçambique (venceu a Tunísia na última jornada), para chegar à África do Sul.
Apesar de estar longe das grandes equipas nigerianas de 94 e 98 (Okocha, Amunike, Finidi...), esta equipa africana até pode surpreender, mas para isso não pode cometer os erros típicos das equipas africanas e que sempre evitaram que as super-águias fossem mais longe que os oitavos de final de campeonatos do Mundo.
Assim sendo, a distância entre o segundo lugar do grupo e uma viagem rápida para casa, estará na capacidade de resposta de jogadores experientes como Martins, Kanu e Yobo e na forma como estes consigam ajudar os restantes a disfarçarem os crónicos erros das selecções africanas em Mundiais.

Equipa tipo: Enyeama; Yobo, Taiwo, Nwaneri e Apam; Obi Mikel, Olofinjana e Yussuf; Martins, Yakubu e Odemwingie

Quem teve uma qualificação fácil para o Mundial foi a Coreia do Sul, que passeou superioridade no grupo asiático e venceu-o com clareza.
Longe das equipas de 86 ou 90 (saudades de Kim Joo-Sung...) onde a eliminação era uma certeza, mesmo antes do pontapé de saída, os asiáticos são agora uma equipa muito mais dotada, com jogadores de muita qualidade como Park Ji-Sung ou Seol Ki-Hyeon.
Ainda assim, tendo em conta a concorrência, duvido que os sul-coreanos consigam atingir o apuramento num grupo deste calibre.

Equipa tipo: Lee Won-Jae; Oh Beom-Seok, Cho Yong-Hyung, Kim Dong-Jin e Lee Young-Pyo; Park Ji-Sung, Kim Jung-Woo, Cho Won-Hee e Kim Nam-II; Seol Ki-Hyeon e Park Chu-Young

A mais matreira das selecções do grupo, a Grécia, precisou de ir ao playoff (venceu a Ucrânia) para chegar a este Mundial.
Surpreendentemente, os helénicos apenas disputam o seu segundo campeonato do mundo e no único que jogaram (EUA 94) fizeram uma péssima figura, acabando eliminados na 1ªfase com três derrotas, zero golos marcados e dez golos sofridos.
Ainda assim, os gregos aparecem confiantes para este certame, pois aparecem com uma velha raposa ao leme (Otto Rehhagel), técnico que já levou os helénicos a uma surpreendente vitória no Euro 2004 e jogadores de grande nível como Samaras, Karagounis ou Katsouranis.
Se não entrarem com excesso de confiança neste grupo, os gregos são favoritos a alcançarem o segundo lugar e consequente apuramento para os oitavos de final.

Equipa-tipo: Tzorvas; Kyrgiakos, Vyntra, Papastathopoulos, Spiropoulos e Moras; Katsouranis e Karagounis; Samaras, Charisteas e Salpingidis

Classificação final: A minha aposta

  1. Argentina
  2. Grécia
  3. Nigéria
  4. Coreia do Sul

Renascidos da bola - Mauricio Pinilla (CHI)

Todos nos recordamos de Pinilla, um avançado chileno muito promissor que chegou ao Sporting no início da época 2004/05. Rapidamente se tornou um jogador muito querido por entre a massa associativa do SCP que o brindava, constantemente, com a musica do "Pinigol", mesmo quando o avançado acabava, invariavelmente, por atirar mais uma bola ao lado da baliza.
Ainda assim, nunca se duvidou da classe do sul-americano, capaz de golos quase impossíveis (Moreirense e AZ, lembram-se?) e de um mítico hat-trick em Braga, num jogo em que o Sporting poupou alguns jogadores e saiu do Minho com uma vitória por três bolas a zero.
Com bom remate, técnica apurada, posicionamento, resistência ao choque e bom jogo de cabeça, entristecia ver o chileno perder-se nos excessos da noite e acabar por tornar-se num novo Dani.
Felizmente, e após experiências falhadas em clubes como o Vasco da Gama, Racing ou Hearts, o ponta de lança começa a demonstrar todo o seu potencial num pequeno clube da extremamente competitiva Serie B italiana: Grossetto.
Com 12 golos em 14 jogos, Pinilla começa agora a chamar a atenção de clubes da Serie A e já se especula que, provavelmente, o chileno irá dar o salto já neste inverno. O futebol agradece o renascimento de Pinigol.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O melhor onze - Vitória Guimarães

Ao contrário do que muitos pensavam, Paulo Sérgio veio provar que o Vitória de Guimarães sempre teve um bom plantel e que poderá, facilmente, se intrometer na luta por um lugar na Liga Europa.
Com uma equipa com boas soluções para quase todas as posições, os minhotos estão, finalmente, a encontrar uma boa regularidade exibicional e, também, de resultados. A essa situação não se pode negar o mérito a Paulo Sérgio que trabalhou muito bem a equipa e colocou-a uns bons furos acima.
Ainda assim, existe sempre um onze, que, acreditamos, é o melhor onze e aquele que potencia todas as qualidades de uma equipa. Na minha opinião este seria o do Vitória:

Os vimarenenses, com este onze, teriam um guarda-redes muito seguro e experiente (Nilson), um lateral mais defensivo (Milhazes), que poderia ajudar no centro da defesa, em situações em que um dos centrais (Moreno ou Sereno) tivesse que dobrar, à direita, as subidas do lateral ofensivo (Andrezinho). Um cinco defensivo muito equilibrado e que garantia tanto uma defesa segura como um bom início do processo ofensivo, pois, por exemplo, Moreno é um jogador que sobe muito bem com a bola controlada.
No miolo, um trinco totalmente defensivo (Custódio) um jogador "box to box" que descairia um pouco para a esquerda para compensar o facto de Milhazes ser pouco ofensivo (João Alves) e um nº 10 puro que teria toda a liberdade para "inventar" o jogo ofensivo do Vitória (Nuno Assis). Um meio campo equilibrado e compacto, que teria no posicionamento de João Alves (mais à frente ou mais recuado) a nuance táctica para jogos contra equipas mais ou menos defensivas.
No ataque, tudo muito simples, dois extremos rápidos e tecnicistas que iriam fazer a vida negra aos laterais contrários (Desmarets e Targino) e um ponta de lança forte, possante, de remate fácil e com bom jogo de cabeça (Douglas) que pudesse tanto corresponder às assistências de Nuno Assis como a cruzamentos dos extremos e/ou laterais.
Com este onze como base, dificilmente o Guimarães terminaria o campeonato abaixo do quinto lugar.

Olho Clínico - Vincent Enyeama (NIG)


Costuma-se dizer que não existem bons guarda-redes africanos. Na minha opinião, trata-se de uma enorme mentira até porque rapidamente nos lembramos daquele príncipe nigeriano que brilhou nos anos 90 ao serviço do Farense: Peter Rufai.

Actualmente, quando pensamos em "keepers" africanos de topo, lembramo-nos rapidamente de Carlos Kameni, camaronês do Espanyol, um guarda-redes elástico e seguro, todavia, uns furos abaixo do titular da selecção nigeriana.

Vincent Enyeama, de 27 anos, brilha, desde 2007, no Hapoel Telavive, onde, jogo após jogo, demonstra toda a sua classe. O nigeriano tem uma enorme elasticidade, excelente posicionamento e um sangue-frio pouco habitual em guarda-redes africanos. Surpreendentemente continua escondido no pouco mediático campeonato de Israel, apesar de já ter 42 internacionalizações pela Nigéria.

Com o passe avaliado em "apenas" dois milhões de euros, será uma boa aposta para clubes portugueses de grande e média dimensão, interessados em contratarem um guarda-redes que será, certamente, uma mais valia para o seu plantel. Vejam o video abaixo e perceberão do que estou a falar.

A evolução do futebol africano


Longe vão os tempos da participação do Zaire (actual RD Congo) no mundial de 1974. Nessa competição chocou a forma infantil e, em muitos casos, totalmente ridícula como essa formação africana sofria golos ou via cartões.
Em 1982, os Camarões já mostraram um futebol bem mais competitivo, acabando mesmo a competição sem qualquer derrota (apesar de eliminados na 1ª fase...) e, em 1990, atingiram mesmo os quartos de final, onde apenas foram eliminados pela Inglaterra de Bobby Robson (2-3 a.p.).
Poderão vocês recordarem-me outros exemplos como a Argélia (82) ou Marrocos (86) (Olá Saltillo!), mas apenas me estou a debruçar no futebol da chamada "África Negra", pois sempre me pareceu o futebol mais talentoso e com mais margem de progressão de África, levando, ano após ano, a uma simples pergunta: Quando será uma Selecção africana campeã do mundo?
Com o sucesso dos Camarões em Itália, esperava-se que os africanos lapidassem melhor os seus defeitos e acreditava-se que, pelo menos em 1998 ou 2002, já houvesse uma equipa africana a lutar por esse título, contudo, isso nunca aconteceu.
As equipas africanas continuam a mostrar as mesmas qualidades e defeitos que a equipa de Roger Milla mostrou em 1982. Se têm técnica elevada, correm o tempo todo, são corajosos e solidários, também, demonstram desconcentrações incompreensíveis, jogam para o público quando deveriam segurar vantagens, demonstram agressividade exagerada o que custa cartões, etc.
Assim sendo, começa-se a acreditar que, independentemente de técnicos europeus ou sul-americanos, as selecções africanas vão sempre mostrar as mesmas qualidades e defeitos, que são, na verdade, inerentes ao seu código genético. Assim, ver futebol africano será sempre um carrossel de emoções como o jogo de ontem (Angola 4-4 Mali) em que uma equipa (Angola) sofreu três (!!!) golos a partir do minuto 88.
Nós, adeptos de futebol, continuamos a agradecer o futebol ofensivo e aquela pureza que só os africanos nos conseguem dar, todavia, é essa mesma magia que tanto nos cativa, que os afasta de ganharem uma grande competição...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Olho Clínico - Gary Medel (CHI)

Todos sabemos que o futebol não é só para artistas de grande recorte técnico e enorme arsenal de malabarismos, ou não houvessem Gattusos, Gravesens e companhia. Atletas que dificilmente conseguem dar dois toques numa bola, mas que correm e disputam cada bola como se a sua vida dependesse disso. No entanto, ainda existem jogadores que conseguem ter essas qualidades de combate e, ainda assim, terem algumas qualidades técnicas. Um bom exemplo é o chileno Gary Medel.

Conhecido como "Pitbull" devido à sua enorme raça e pulmão, o sul-americano pode jogar a central e a trinco, mas é no meio campo que explana todas as suas qualidades. Com excelente sentido posicional e mostrando ser um excelente recuperador de bolas, Medel tem a capacidade de subir no terreno, sendo muito influente na manobra ofensiva do seu clube, o Boca Juniors.

Com apenas 22 anos, o atleta já conta com 21 internacionalizações pela "Roja" e já conta com cerca de 20 golos oficiais tanto no Chile (Selecção e U. Católica) como na Argentina (Boca Juniors), mostrando que a chegada à europa é apenas uma questão de tempo.

À atenção de clubes portugueses interessados em centro-campistas acima da média, deixo um vídeo com os melhores golos de Medel.

A Ressureição do Sporting?



Ontem, o Sporting estreou-se na Taça da Liga e da melhor maneira, pois venceu o líder do campeonato, Sporting de Braga, por 2-1. Ainda assim, e mais importante que a vitória, foi a notória subida de forma dos jogadores leoninos, que mostraram uma atitude que já muitos duvidavam que pudesse aparecer esta época.
Escalonado num 4-4-2 aparentemente clássico, o meio campo evidenciou algumas nuances curiosas. Miguel Veloso foi colocado na esquerda , mas, naturalmente, tendia a surgir muitas vezes no meio, pois é essa é a sua posição natural. Adrien e Moutinho jogavam no miolo, lado a lado, cabendo ao capitão do Sporting ser o jogador mais ofensivo do duo, ainda que, principalmente na primeira parte, Moutinho tenha tido muitas dificuldades diante da marcação de Madrid e Vandinho. Na direita, e mais uma vez mostrando ser um jogador muito acima da média, Izmailov, funcionou como um verdadeiro ala e foi um grande desequilibrador dos leões durante todo o jogo.
Curiosa foi também a dupla de ataque (Postiga-Saleiro) que perpetuou o apagamento do ex-portista (alguém o viu na segunda-parte?) e mostrou a subida de forma de Saleiro que, longe de ser um grande ponta de lança, poderá ser um jogador útil.
Quanto à defesa, esteve surpreendentemente segura, ainda que Rui Patrício continue a ser um guarda-redes muito inseguro nos cruzamentos, o que é estranho para um "keeper" tão alto.
Foi, todavia, uma equipa muito adulta, que soube ser paciente para se colocar em vantagem numa excelente abertura de Grimi para fantástica conclusão de Saleiro e soube reagir a um golo de Alan, no ínicio da segunda-parte, com enorme força de vontade e um colossal tento de Miguel Veloso. Uma equipa que suportou, até final e quase sem problemas, a pressão do Braga na procura do empate.
Será a ressureição do Sporting? Esperemos pelos próximos jogos?

PS: Matias e Vukcevic são dos melhores jogadores do Sporting, mas Carvalhal insistiu, pela segunda vez em colocá-los no banco. Será que o treinador dos leões continua a contar verdadeiramente com o chileno e o montenegrino? Será que Postiga é mais fiável que qualquer dos mesmos? Será que Miguel Veloso fora de posição é mais fiável do Vukcevic? Tudo isto é muito estranho...